quinta-feira, 30 de junho de 2011

Pensamento - IVCCLII - 4252

"Eduquemos as crianças, e não será necessário
castigar os homens." (Pitágoras)

Sabedoria Popular

O homem é mais propenso
a contentar-se com as ideias
dos outros, do que a refletir
e a raciocinar.

Moisés Belmont em Mundo Novo

Uma Visita Inesquecível

 Dias desses, eis que de repente, nossa casa em Mundo Novo, ficou repleta de alegria, ao receber a visitas de parentes queridos, que há dezenas de anos estavam distantes. Através de um canal da rede social, a notícia de que integrantes da Família Belmont, que têm base residencial no Estado do Rio de Janeiro, poderiam nos surpreender com uma visita.

A princípio, pairava dúvida sobre essa possibilidade, porque nem sempre alguém se dispõe a empreender uma viagem de quase 1.500 quilômetros para reencontrar parentes. Mas, diante da informação e com os endereços em mãos, tudo aconteceu num fim de semana do mês de junho. Tudo combinado, mas ainda havia dúvida sobre a chegada dos Belmont na tarde daquele de sábado, dia 18.

Uma Família muito unida, e sobretudo, com um alto grau de consideração. O casal Moisés Belmont e Roseli, que estava acompanhado do filho Maximiliano, o “Max”, e de Lúcia, a prima de Roseli.

Foi intensa a alegria pelo convívio que tivemos com eles durante o período em que permaneceram em nossa Admirável Mundo Novo. Todos eles gostaram do clima daqui e elogiaram muito a Cidade Sul-Mato-Grossense, que é o Portal de Entrada de MS.

Após visitar os pontos importantes de Mundo Novo, e ter mantido contato com alguns amigos, uma visita rápida também foi feita, no domingo de manhã à Cidade de Salto Del Guairá, que causou admiração a todos pela movimentação turística.

De todos os pontos positivos desse Encontro de Família, o que marcou bastante foi a Comunicação Eficiente de Moisés Belmont, que na qualidade carioca, fez boas amizades por aqui, apesar do pouco tempo que permaneceu entre nós. O nosso primo reside com os familiares em Rio Bonito, onde exerce atividade empresarial.

Os nossos momentos de “colóquios” foram intensos e agradáveis, deixando a melhor das impressões, recordando fatos inesquecíveis de tantos membros da Família Belmont, cuja geneologia remonta à França Medieval, numa província que resistiu à história, após tantas guerras, e que ainda mantém o fulgor de uma região progressista, sob o domínio dos Belmont.

Na segunda-feira, dia 20, embarcados numa confortável Hilux, o grupo voltou a Rio, onde aguarda a retribuição de nossa visita.

O Médico e a Vítima

Médico Mercenário

Essa crônica é fruto de uma música caipira que ouvi, cujo tema me chamou a atenção, neste momento, quando em toda parte vêm acontecendo episódios sobre a omissão de socorro, quando médicos de maneira arrogante e mercenária deixam de atender os pacientes, pela falta de dinheiro. Com essa atitude, o profissional de saúde deixa de cumprir o juramento que fez ao colar grau, como recomendava Hipócrates, o Pai da Medicina.

Vítima de acidente automobilístico, um rapaz foi altruísticamente atendido na rodovia por um desconhecido, que de imediato levou-o a um hospital da cidade, explicando a ocorrência ao médico de plantão, que por sua vez, negou o atendimento, a menos que alguém assumisse o pagamento, ou que um cheque fosse entregue em caução, com o valor pré-marcado. O médico pediu ao estranho a quantia de 5 mil reais, para que pudesse dar início ao atendimento do moço que agonizava.

Prontamente, o abnegado socorrista disse ao Doutor que atendesse a vítima, pois a soma em dinheiro iria providenciar com algum amigo, pois ele não dispunha desse valor no momento. Falando isso ao médico, se retirou; o rapaz acidentado foi conduzido à enfermaria, enquanto a equipe médica aguardava o dinheiro chegar.

Depois de uma hora, o Bom Samaritano chegou com o dinheiro exigido pelo Médico Mercenário. Como era tarde da noite, ali mesmo no consultório, o dinheiro foi conferido. Então, o Doutor deu ordem à Enfermeira Auxiliar para dar início ao Procedimento Médico à vítima do Acidente na Rodovia.

Coberto por um lençol branco, a atendente de saúde trouxe o rapaz ao Consultório, mas era tarde demais. Não suportando tanta dor, agonizando morreu sem atendimento. Ao conferir os documentos para declarar o óbito, veio a surpresa desagradável. A vítima, um jovem de pouca idade, era o filho caçula do Médico Mercenário, que deixou de exercer a verdadeira medicina, como jurou ao ser diplomado. Sem ter mais o que fazer, o Mercenário apenas lamentou o triste episódio, se retirando do local para chorar sozinho.

Fatos como este narrado, acontecem todos os dias em algum lugar desse imenso Brasil, quando médicos mercenários deixam de cumprir a missão sacerdotal que receberam. A caução exigida é um exemplo claro disso, além de tantas outras falcatruas existentes na classe médica, que permitem que os pacientes venham a óbito, num desrespeito à vida. Para muitos médicos, o ser humano não passa de um objeto, e se esquecem que são pais e seus filhos podem também necessitar de atendimento médico-hospitalar. No entanto, ainda existem médicos abnegados, que exercem com dignidade a profissão, fazendo o bem e curando os doentes com amor e plena dedicação, independentemenete de acordo comercial.

Mensagem do Escritor - M/01460

O Médico, o Advogado e o Jornalista

No Programa "Todo Seu", de Ronnie Von, o Humorista Rossini Macedo, o Tonho dos Couros, lembrou do causo contado por acadêmicos dos cursos de Medicina, Direito e Jornalismo. O Médico se diz conhecedor do Corpo da Mulher através da Anatomia, enquanto o Advogado dizia-se conhecedor do Corpo da Mulher Direito. Já o Jornalista foi direto ao assunto: nenhum de vocês conhece bem a Mulher. Só eu conheço Direito o Corpo da Mulher, e ainda falo pra todo mundo como é a Mulher e o Corpo dela. Moral da Estória: os três profissionais, embora conheçam, cada um, a seu modo, o Corpo da Mulher, são unânimes em reconhecer que a Virtude da Mulher é o que realmente tem valor na vida. (300611)

Pensamento - IVCCLI - 4251

"Aquilo que na vida tem sentido, mesmo sendo qualquer coisa de mínimo, prima sobre algo de grande, porém isento de sentido." (Carl Gustav Jung)

Pensamento - IVCCL - 4250

"Muitas palavras não indicam necessariamente
muita sabedoria " (Tales de Mileto)

quarta-feira, 29 de junho de 2011

Pensamento - IVCCXLIX - 4249

"Quando o Sorriso no Rosto for realmente
Sincero, ele se torna a Fonte da Vitória
para o Homem."  (Jairo de Lima Alves)

Caso Ary Rigo

Notícias da Suposta Corrupção
    em MS se espalharam na
     Rede de Computadores

Um relato completo sobre o “Caso Rigo” teria na época se espalhado na Internet. Acusações de toda espécie dando conta de que o ex-deputado repassava milhões de reais aos poderes estaduais: dinheiro por fora ou mensalão pago para obter algum apoio favorável.

O texto falava em mais de R$ 6 milhões. Rigo era 1° secretário da Assembléia Legislativa de Mato Grosso do Sul e sempre negou o fato. Ele apareceu em um vídeo filmado por Eleandro Passaia, onde supostamente relata o esquema.

À Imprensa, ele disse que houve edição para tentarem derrubá-lo. "Devolução foi só uma expressão", disse Rigo na época. Segundo ele, os repasses citados referiam-se aos duodécimos destinados ao Poder Judiciário, Assembleia Legislativa e Ministério Público. (Duodécimo é um recurso oriundo do Orçamento do Estado destinado para despesas do Legislativo, como salários, manutenção, dentre outras despesas).

O deputado diz que negociou com o governo do Estado para que o maior corte fosse para Assembléia, uma forma de reduzir o impacto aos outros órgãos. Desta forma, o índice de redução de repasse na Casa foi de 21,87% --contra 5,48% no Ministério Público Estadual e 7,8% no Judiciário. "Evidente que quem repassa os valores do duodécimo aos poderes e órgãos é o Poder Executivo [...] Jamais paguei qualquer valor a qualquer autoridade", disse durante a coletiva do ano passado. Depois do vídeo, Rigo não foi reeleito deputado.

Confira na íntegra o que dizia o e-mail:

Declarações do Dep Ary Rigo sobre corrupção, com a distribuição de R$ 6 milhões mensais - entre os Deputados Estaduais (R$ 120 mil para cada um) Ministério Público (R$ 300 mil), Tribunal de Justiça (R$900 mil) e Governadoria (R$ 2 milhões). Por se tratar de fatos ligados aos Poderes estaduais, a competência para sua apuração é dos Órgãos estaduais: Ministério Público Estadual, Polícia Estadual, a própria Assembléia e o TJ. Todos já sabiam que essa apuração não ia dar em nada, como não deu, porque todos os Órgãos estaduais estão diretamente envolvidos no escândalo.

O TJ-MS abriu um processo disciplinar e indagou da AL quais as informações e os indícios de repasse indevido de dinheiro (R$ 900 mil/mês) para Desembargadores; como a AL informou não ter nenhuma informação, o processo foi arquivado; a AL, por sua vez, abriu um procedimento interno para apurar as denúncias, presidida pelo Dep. Picarelli, e também concluiu não haver nenhum indício para se prosseguir nas investigações e arquivou o processo; o MPE também abriu um processo para apurar as denúncias, principalmente em relação do anterior Procurador Chefe, dr Miguel, e até agora nada concluiu. Já nos primeiros dias que se seguiram à divulgação do vídeo do DEP RIGO, as entidades civis, diante da indignação popular, reuniram-se no início de outubro/2010, à frente FETEMS, SINDJUS, MOV. POPULARES, CENTRAIS SINDICAIS, e foram para a porta da AL, ensaiando um movimento popular nas ruas pela apuração rigorosa dos fatos.

Mas, dias depois, a OAB propôs a criação de um FORUM PELA ÉTICA, contando principalmente com os CONSELHOS PROFISSIONAIS (MEDICINA, FARMÁRCIA, ENGENHARIA, ETC), além da ACRISUL, FIEMS, ASSOCIAÇÃO COMERCIAL e outros. Resolveu-se, então, fundir os dois fóruns criados, sob o comando da OAB, criando uma palavra de ordem comum e uma agenda principal também comum (PALAVRA DE ORDEM: CORRUPÇÃO MATA!)

Resolveu-se, então, por sugestão da OAB, apelar a Brasilia para garantir a apuração dos fatos, via esfera FEDERAL (Polícia Federal e MP Federal). Bateu-se às portas do CNJ (Conselho Nacional de Justiça) e do CNMP (Conselho Nacional do Ministério Público), cujos Corregedores (Ministra ELIANA CALMON e Min. GURGEL) estiveram aqui. A Min ELIANA CALMON recebeu as entidades e populares em audiência pública no plenário do TJ-MS, acatando denúncias contra o PJ local.

Ocorre que o CNJ só tem competência para investigar administrativamente os JUIZES e DESEMBARGADORES e o CNMP, por sua vez, só pode investigar os PROMOTORES DE JUSTIÇA. Tanto um como outro, não tem poderes para obrigar a AL, que é outro Poder, a entregar os documentos que possam incriminar Juízes e Promotores.

Esperava-se, todavia, a boa vontade e o espírito público tanto dos componentes da AL, como do TJ-MS e do MPE para a apuração dos fatos e a punição dos culpados, diante de tamanha iniqüidade. A Ministra ELIANA CALMON e o Procurador Geral da República, Dr GURGEL, saíram daqui confiantes de que teriam acesso aos documentos da AL, especialmente de um, que é fundamental para desvendar as denúncias: a conta bancária da AL, especialmente, a do HSBC.

Todo mundo sabe, até as pedras desta cidade, que, desde muito tempo, a AL faz todas essas operações através de cheques do HSBC (principalmente) diretamente aos “beneficiários” do esquema do mensalão guaicuru, sem nenhum “recibo”, sem “nota”, sem “empenho”, sem nada. Na mão grande mesmo, com a absoluta conivência dos demais Poderes, principalmente do valoroso TJ-MS.

Há muito tempo, muita gente já tentou ter acesso a essa conta, que de resto, deve ser franqueada ao público, segundo determina a Lei de Responsabilidade Fiscal e a própria Constituição Federal. Todavia, a AL não fornece os dados e o TJ-MS, vergonhosamente, não obriga a ASSEMBLEIA a abrir suas contas.

POIS BEM: toda a expectativa que a sociedade sul-matogrossense, a Ministra CALMON, o Procurador GURGEL tinham de que o MP e AL iriam colaborar para a elucidação dos fatos acabou agora: depois de quase três meses, em que o MP fingia cobrar duro da AL a remessa do único documento que interessa, que é a conta bancária, a ASSEMBLEIA resolveu entrar com um mandado de segurança no TJ-MS pedindo para que o Poder Judiciário lhe autorizasse a não apresentar os documentos “requisitados” pelo MPE.

Mas o pior não foi o pedido – que aliás já era esperado – mas o resultado: o glorioso TJ-MS concedeu a medida, dizendo que a AL realmente não tem que apresentar os documentos solicitados pelo MPE. Que tal? Para o TJ-MS, o Poder Público tem o direito “constitucional” de manter em sigilo suas contas e despesas. No mundo atual, certamente o Kadhafi e alguns outros “monarcas” têm direitos iguais...

Caso Ary Rigo

  Conselho Nacional de Justiça 
    irá investigar Denúncias
de Vendas de Sentenças em MS


                                       As Denúncias do ex-Deputado Estadual Ary Rigo
                                   ainda não estão bem esclarecidas, e apenas ele pagou
                                             um preço alto, com a derrota nas urnas.

O Conselho Nacional de Justiça (CNJ) continua no rastro das denúncias de vendas de setenças por desembargadores do Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul (TJ-MS), citadas pelo ex-deputado estadual Ary Rigo (PSDB) em vídeo divulgado pela Polícia Federal durante a Operação Uragano, que desmantelou o esquema de partilha de dinheiro público em Dourados no ano passado. Na época, o TJ-MS abriu processo para apurar as denúncias, mas encerrou rapidinho, por decisão quase unânime, que teve contrário apenas um voto, do corregedor. Nos últimos dias, o presidente do TJ-MS, Luis Carlos Santini, disse em entrevista coletiva à imprensa que o arquivamento se deu porque Ary Rigo voltou atrás e desmentiu as declarações que constam no inquérito da PF. Mesmo assim, o CNJ decidiu que o processo arquivado pelos desembargadores estaduais será reexaminado agora na própria Corregedoria do Conselho, que já faz investigação paralela sobre o caso. A informação é do site Terra, cuja matéria foi assinada pelo correspondente em Campo Grande, Ítalo Milhomem. Enquanto isso, os sul-matogrossenses aguardam que a Justiça faça Justiça.

Uganda - Africa

Raio mata 18 alunos
e fere 50 em escola

Dezoito alunos morreram e 50 ficaram feridos em decorrência de um raio que atingiu uma escola primária em Kryandongo, em Uganda, na África, na quarta-feira. Conforme a polícia, morreram quinze meninas e três meninos. A imprensa local divulgou ainda que em uma outra escola no distrito de Zombo outros 21 alunos ficaram feridos também por causa de um raio, mas a polícia não confirmou o incidente. Conforme divulgaram agências internacioanis, Uganda atravessa uma fase de tempestades e o grande números de raios preocupa autoridades locais.

Pensamento - IVCCXLVIII - 4248

  I claim to be no more than an average man with less
than average abilities. I have not the shadow of a doubt
 that any man or woman can achieve what I have, if he
 or she would make the same effort and cultivate the
        same hope and faith." (Mohandas Karamchand Gandhi)
"Eu não pretendo ser mais do que um homem médio,
com menos de habilidades média. Não tenho a menor
sombra de dúvida que qualquer homem ou mulher pode
conseguir o que eu tenho, se ele ou ela fizer o mesmo
esforço e cultivar a mesma esperança e fé."

Poema: Nada é Impossível - Cecília

Nada é Impossível

Se você errou, peça desculpas...

... É difícil perdoar?
Mas quem disse que é fácil se arrepender?
Se você sente algo diga...

É difícil se abrir?
Mas quem disse que é fácil encontrar
 alguém que queira escutar?

Se alguém reclama de você, ouça...
É difícil ouvir certas coisas?
Mas quem disse que é fácil ouvir você?

Se alguém te ama, ame-o...
... É difícil entregar-se?
Mas quem disse que é fácil ser feliz?

Nem tudo é fácil na vida...
...Mas, com certeza, nada é impossível...
Cecília Meireles

Pensamento - IVCCXLVII - 4247

"Experimente ser como um oceano. Vá tão profundo quanto quiser nessa viagem. Ondas fortes virão na superfície mas você pode mergulhar e encontrar paz. O oceano é ilimitado. Veja onde o mar encontra o céu. O mar vai fundo, o céu vai alto. Veja o horizonte, quase não dá para ver onde o mar termina e onde o céu começa. Torne seu intelecto tão ilimitado como o oceano. As situações podem surgir na superfície da vida mas você permanece tão inabalável como a quietude do fundo do mar. Isso é possível através da meditação." (Dadi Janki)

Pensamento - IVCCXLVI - 4246

   "O que nós somos é um presente
da vida para nós. O que nós seremos
   é um presente que damos à vida"
                  (Herbert de Souza)

Sabedoria Popular

O conhecimento pode ser fatal.
O que me fascina é a incerteza. 
          Ela torna as coisas
    realmente encantadoras.

Pensamento - IVCCXLV - 4245

        "Nossa vida não tem só um nascimento,
  uma única infância, mas compõe-se de diversos
 renascimentos e de diferentes infâncias" (F.Alberoni)

Pensamento - IVCCXLIV - 4244

“A leitura faz o homem completo;
a conversa torna-o ágil; o escrever
torna-o preciso.” (Francis Bacon)

Artigo: VIRUS SINCICIAL RESPIRATÓRIO - A/00965

Uma Explicação:

Conforme conversamos, segue uma dica de pauta que reúne saúde e serviços. O assunto vacinação está em alta mas quase ninguém fala de imunização contra o VSR (Virus Sincicial Respiratório), muito pouco conhecido mas que está em plena “temporada” (março a setembro ) e provoca mais internações de bebês por infecções respiratórias que a dengue, gripe e H1N1. O VSR está por trás de 90% das internaçóes por bronquiolite (doença que mata 160 mil bebês por ano no mundo) e é a maior causa de internação de recém nascidos e menores de um ano de idade, em especial os prematuros, com doenças cardíacas e/ou respiratórias. (Até completarem um ano, quase dois terços das crianças serão infectadas por ele, um percentual que sobe para 99% até os dois anos. O que varia é a gravidade...)
Não existe vacina contra o VSR, mas EXISTE IMUNIZAÇÃO, com um anticorpo chamado Palivizumabe, que impede a multiplicação do vírus, e que é aplicado mensalmente durante a "temporada" do VSR, sempre sob recomendação e encaminhamento do pediatra da criança.
O público em geral e até os médicos conhecem pouco sobre o VSR, que no entanto tem grande impacto no sistema de saúde pública. Além de provocar internações e reinternações, ele aumenta, por exemplo, em 4 vezes a possibilidade de ter asma na adolescência.
Algumas medidas profiláticas também são importantes, como lavar as mãos, os brinquedos das crianças, não colocá-las em contato com pessoas gripadas...
Abaixo informações sobre o VSR e no anexo uma ilustração do vírus.

Aguardo retorno – estou às ordens para mais informações.

Eliana Martinelli | Tel/Fax: (11) 3666.2695
www.crcomunicacao.com.br | twitter.com/crcomunicacao
CR.COMUNICAÇÃO - Cláudia Rubinstein Girard


          IMUNIZAÇÃO É A MELHOR
               PREVENÇÃO CONTRA
                  O VIRUS SINCICIAL
                      RESPIRATÓRIO

Principal agente de infecções respiratórias entre recém nascidos e prematuros, ele é responsável por mais internações do que as causadas pelo vírus da dengue, da gripe e do H1N1.

Quase desconhecido pela maioria das pessoas, o Vírus Sincicial Respiratório (VSR), que circula em todas as regiões do Brasil entre os meses de março a setembro, é a maior causa de internação de recém nascidos e menores de um ano de idade, em especial os prematuros, com doenças cardíacas e/ou respiratórias. Até completarem um ano, quase dois terços das crianças serão infectadas por ele, um percentual que sobe para 99% até os dois anos.

Responsável por 90% das hospitalizações por bronquiolite – uma doença que mata 160 mil bebês por ano em todo o mundo, em especial bebês com menos de 18 meses – o VSR é assintomático, silencioso e facilmente transmissível pelo ar (através de tosse, espirro e fala, ou contato físico). Ele pode provocar desde coriza, febre baixa, chiado no peito e falta de ar, a infecções mais graves das vias respiratórias que levam a internações e complicações. No País, um estudo específico (Straliotto SM et al. Mem Inst. Oswaldo Cruz 2004) mostrou que o VSR foi responsável por 70% dos casos de pneumonia e bronquiolite que levaram pacientes à UTI. O VSR também pode ter efeitos a longo prazo nas crianças infectadas. Está comprovado que ele pode aumentar em quatro vezes as chances de aparecimento de asma na adolescência.

Estudos mostram que o VSR é mais grave no caso de bebês prematuros, que não possuem o sistema respiratório e o sistema imunológico completamente desenvolvidos e maduros ao nascerem. As probabilidades de infecção e mesmo de surtos em maternidades neonatais aumentam diante do crescimento do número de bebês prematuros no País (cerca de 30 mil crianças/ano nascem com peso abaixo de 1,5 kg) e do aumento da sobrevida pela evolução dos métodos de tratamento e tecnologia (95% contra 60% na década de 90). As estatísticas mostram que cerca de 15% dos prematuros são hospitalizados em decorrência de infecções causadas pelo VSR. (p.ex estudos Dr. Otávio Cintra, Rib. Preto).

O risco de complicações e a taxa de hospitalização por infecções causadas pelo VSR também é 10 vezes maior entre os prematuros do que naqueles nascidos de gestações completas. E as doenças respiratórias se tornam as principais causas de hospitalização e morte em recém nascidos prematuros, com ou sem doença pulmonar crônica. Neonatologistas como o Dr. Renato Kfouri, presidente da Sociedade Brasileira de Imunizações, destacam que o VSR, associado a um quadro de displasia broncopulmonar, presente em 14 a 43% dos extremos prematuros, pode contribuir para complicações pulmonares tardias.

Em todo o mundo, os prematuros nascidos com menos 35 semanas, os bebês com displasia broncopulmonar e com outras doenças pulmonares crônicas compõem a população mais suscetível a infecções agudas do trato respiratório. A OMS - Organização Mundial da Saúde estima que cerca de 1/3 das 12 milhões de mortes anuais de crianças abaixo de 5 anos de idade está relacionada a essas causas.
Prevenção é a melhor arma para combater o VSR

A grande arma estratégica para conter as infecções por VSR é a prevenção. Internacionalmente, é recomendada a imunização passiva com a utilização do palivizumabe (Synagis®), anticorpo monoclonal humanizado que interrompe o processo de reprodução do VSR. Aprovado pelo FDA, o produto recebeu a chancela da ANVISA em 1999.

Recomendado para bebês prematuros (menos de 35 semanas), o palivizumabe, deve ser aplicado via intramuscular, em cinco doses mensais e consecutivas, que podem ser iniciadas logo após o nascimento dos bebês de risco.

No Brasil, a Sociedade Brasileira de Pediatria e a Sociedade Brasileira de Imunizações recomendam a aplicação de palivizumabe antes da estação do VSR para que as crianças de risco atinjam níveis suficientes de concentração de anticorpos no sangue. Uma medida essencial, já que praticamente 100% das crianças prematuras ou não vão adquirir infecção pelo VSR nos primeiros anos de vida. Em bebês que completaram o prazo normal de gestão, não há grandes conseqüências.

A eficácia e a segurança do palivizumabe está comprovada por vários estudos. O maior deles (Impact RSV Study, feito entre 1996 e 1997 em 139 centros dos EUA, Canadá e Grã Bretanha), incluiu 1502 crianças de alto risco. O anticorpo promoveu a redução de 55% das taxas de hospitalização relacionadas ao Vírus Sincicial Respiratório; diminuição de 47% do número de dias de hospitalização entre lactentes com idade gestacional menor que 32 semanas (80% entre 32 e 35 semanas) e diminuição da necessidade aumentada de oxigênio.

Outra análise (IRIS) mostrou que a taxa de hospitalização por VSR em bebês que não receberam palivizumabe foi de 13,25%, contra apenas 3,95% nos que receberam a profilaxia (uma diminuição de 70% na taxa de internação nos bebês que receberam a profilaxia). Essa diferença ocorreu apesar do grupo palivizumabe apresentar menor idade gestacional, intercorrências na UTI neonatal mais graves e maior incidência de doença pulmonar crônica.

Análise apresentada no encontro da Pediatric Academy Societies de maio de 2009 (Cecchia et al) comprova a queda da taxa de mortalidade com a utilização do palivizumabe. Tal análise incluiu trabalhos publicados entre 1990 e 2007 (12.622 bebês provenientes de dez estudos diferentes) e mostrou que a taxa de mortalidade entre pacientes com profilaxia foi de 0,19%, enquanto nos sem profilaxia com palivizumabe foi de 0,53%.

Sabedoria Popular

Saber viver significa dar
importância às coisas,
mas não levar nenhuma
delas muito a sério.

A Bíblia Diz...

"E nos predestinou para filhos de adoção por Jesus Cristo, para si mesmo, segundo o beneplácito de sua vontade, ara louvor e glória da sua graça, pela qual nos fez agradáveis a si no Amado, em quem temos a redenção pelo seu sangue, a remissão das ofensas, segundo as riquezas da sua graça." (Ef. 5-7)

Sabedoria Popular

Todos nós somos um mistério para
os outros... E para nós mesmos.

Pensamento - IVCCXLIII - 4243

  "Cinquenta por cento das pessoas
em todo o mundo estão com saudades
         o tempo todo." (John Cheever)

terça-feira, 28 de junho de 2011

Artigo: O Renascimento - A/0964

O RENASCIMENTO

Da mesma forma como a Idade Média foi por muitos considerada a idade das trevas, o Renascimento foi visto como uma reedição da antiguidade. Embora seus representantes tenham se inspirado nas obras antigas, seus esforços resultaram em projetos e realizações originais - seu ideal foi retornar ao antigo, para poder ultrapassá-lo. O renascentista foi um homem do seu tempo: possuindo o sentido da história, sabia que o mundo antigo era diferente do seu e que, pretendendo reviver a antiguidade, procurava viver uma vida diversa da da Idade Média.

Esse movimento filosófico e literário, iniciado na Itália, na segunda metade do século XIV e, depois, difundido no resto da Europa, tem no humanismo sua característica principal. O aspecto primordial do Humanismo renascentista é a liberdade do homem, que o faz capaz de estabelecer e desenvolver seu projeto de vida. Ao contrário do conceito medieval de homem, inteiramente submetido à Igreja e ao Sacro Império Romano-Germânico, o Humanismo o vê livre, em relação à natureza e à sociedade. Restaurou a dignidade humana, pela admissão da liberdade e capacidade de interagir com o mundo.

O termo humanismo originou-se do latim humanitas, definida por Cícero como a cultura que distingue o homem civilizado da natureza e da barbárie. Assim, o retorno aos clássicos antigos, desenvolvendo a cultura, deveria permitir à humanidade a conquista de uma natureza humana mais de acordo com o ideal clássico greco-romano.

O Humanismo e o Renascimento são apenas dois momentos do mesmo movimento, tendo, portanto, os mesmos fundamentos: 1) afirmação do valor e da dignidade da natureza humana; 2) livre investigação da natureza física, sem sujeição à autoridade de Aristóteles e à autoridade religiosa, em campos fora de sua alçada.

Esses dois fundamentos são o naturalismo do Humanismo - que tem como objeto a natureza humana e o naturalismo do Renascentismo que tem como objeto a natureza física.

A fé inabalável na natureza humana fez com que os renascentistas acreditassem que a inteligência e a liberdade do homem são ilimitadas e que a ele, sendo livre, para agir bem, basta seguir as leis da sua natureza. Leon Battista Alberti (1404-1472) ilustra muito bem essas idéias, quando diz ser o homem o artífice de seu próprio destino. Esse homem ideal, que procura realizar-se, reedita a idéia platônica de homem. Trata-se, sem dúvida, de um otimismo utópico, mas que propiciou grande progresso e fundamentou o surgimento da cultura moderna.

Acreditando que o mundo natural é o domínio do homem, o movimento renascentista apregoou um naturalismo, que, ao lado da afirmativa do valor intelectual do homem e da sua liberdade, acentuou, também, o valor do corpo humano e seus prazeres. Em contraste com o ascetismo medieval, a ética volta às idéias epicuristas antigas - o bem é o prazer e a virtude é uma organização de prazeres.Do que até aqui foi dito, não se deve concluir que houve uma profunda ruptura cultural entre a Idade Média e a Renascença; em plena Idade Média, as cidades já possuíam estrutura econômica e social capitalista, propiciando, assim, o desenvolvimento da burguesia capitalista e da monarquia absoluta que condicionaram o Renascimento.

Também não se conclua que, no aspecto religioso, se possa falar de uma cisão total com o conceito de religiosidade medieval. Na verdade, extrapolou-se o cristianismo em duas direções: 1) um humanismo com tendência antropocêntrica (o homem é o centro do universo), que deu origem às correntes racionalísticas, filosóficas e científicas que caracterizam o pensamento moderno; 2) um humanismo super-teológico, do qual surgiram os movimentos religiosos iniciados por Lutero e que chamamos de Reforma.

O intrincamento de concordâncias e oposições gerou problemas que são considerados típicos do Humanismo, do Renascimento e da Reforma e que, até hoje, fazem parte dos questionamentos da cultura contemporânea. Os humanistas apresentavam, em sua maioria, bastante religiosidade e propensão para religiões misteriosas, astrologia, milagres e ocultismo; não foram nem anti-religiosos, nem anti-cristãos (pelo menos oficialmente), e deram prioridade a dois aspectos característicos dessa época: a tolerância religiosa e a função civíl da religião.

Procuravam uma paz religiosa que deveria decorrer do estudo de várias correntes filosóficas e que fora destruída pelas disputas teológicas.

A tolerância religiosa foi defendida por idéias que deixam entrever a aurora do pensamento moderno; dois pensadores representam com grandeza esse momento: Erasmo de Rotterdam (1465/1469-1536) e Thomas More (Morus, em latim-1478-1535). Estudaram juntos em Oxford, foram amigos por muitos anos, e conceberam, em conjunto, a idéia de restaurar a teologia através de novas edições dos textos bíblicos revolucionando, assim, pela hermenêutica (interpretação) bíblica, muitas idéias sobre as escrituras sagradas prevalecentes na época medieval. A partir daí, foram feitas muitas traduções dos textos originais, que modificaram, em muito, o cristianismo, tal como era pensado na Idade Média.

Várias obras de Erasmo, que era frade, satirizavam costumes sociais e da Igreja, pessoas notáveis da época, descritas sob pseudônimos (mas facilmente identificáveis), a vida conventual como espiritualidade e a carreira militar. Mas a obra que o fez um autor celebrado por todos e que, por sua ousadia, foi das que mais abalou o seu tempo - e que é uma obra-prima da literatura universal - chama-se O Elogio da Loucura. Nesse livro, escrito em apenas sete dias e que foi dedicado a Thomas More, o autor faz a Loucura subir ao púlpito e auto-elogiar-se, tendo sempre, a seu lado, a Lisonja e o Amor Próprio. Dessa forma, criticou os filósofos escolásticos, os nobres arrogantes, os juristas detalhistas, os bispos luxuriosos, os negociantes desonestos e os militares estúpidos.

Vejamos, em alguns parágrafos selecionados, como, através da ironia e da finura de espírito, Erasmo expõe as mazelas dos homens de sua época, que muito pouco ou nada diferem dos homens contemporâneos:

- ... que mais poderia convir à Loucura do que ser o arauto do próprio mérito e fazer ecoar por toda parte os seus próprios louvores? ... Assim, pois, sigo aquele conhecido provérbio que diz: Não tens quem te elogie? Elogia-te a ti mesmo.

- ... pareceu-me igualmente oportuno imitar os retóricos de nossos dias, que se reputam outras tantas divindades, uma vez que podem gabar-se de outras línguas como a sanguessuga ( que teria a língua bifurcada) e consideram coisa maravilhosa inserir nos seus discursos, de cambulhada, mesmo fora de propósito, palavrinhas gregas, a fim de formarem belíssimos mosaicos.

- Para nós, os tolos, um dos maiores prazeres não consistirá em admirar, com a máxima surpresa, tudo o que nos vem dos países ultramontanos?

- Mas, afinal de contas, por que é que esse grande homem (Sócrates) foi acusado perante os magistrados? Por quê foi ele condenado a beber cicuta? Não seria talvez a sua sabedoria a causa de todos os seus males e, finalmente, de sua morte? Tendo passado toda a vida a raciocinar em torno das núvens e das idéias, ocupando-se em medir o pé de uma pulga e se perdendo em admirar o zumbido do pernilongo, descuidou-se esse filósofo do estudo e do conhecimento dos homens, bem como da arte sumamente necessária de se adaptar a eles. Aí tendes, nesse retrato, o que diz respeito a muitos dos nossos.

- Que espécie de homem é um estóico? ... Eis o retrato de um estóico: surdo à voz dos sentidos, não sente paixão alguma; o amor e a piedade não impressionam absolutamente seu coração duro como o diamante; nada lhe escapa, nunca se perde, pois tem uma vista de lince; tudo pesa com a máxima exatidão, nada perdoa; encontra em si mesmo toda a felicidade e se julga o único rico da terra, o único sábio, o único livre, numa palavra, pensa que só ele é tudo e o mais interessante é que é o único a se julgar assim.

- A ignorância tem, pois, dois grandes privilégios: um, que consiste em estar de acordo com o amor próprio e outro, que consiste em trazer em si a maior parte do gênero humano. Por conseguinte, seríeis duas vezes ingênuos, se quisésseis elevar-vos acima do nível comum, com toda vossa ciência filosófica.

- ... Além disso, mostram as estátuas e os retratos dos antepassados, enumeram os bisavós e os tataravós; recordam os antigos sobrenomes e os feitos dos seus maiores. ... Esses idiotas fazem um alto conceito de si mesmos e estão sempre cheios da estéril idéia da sua ascendência.

- Merecem ser incluídos nessa categoria os habitantes da caverna de Platão. Ao verem, os tolos, as sombras e as aparências de diversas coisas, admiram-nas e nada mais procuram, dando-se por satisfeitos.

- Os sábios são em número tão escasso que nem vale a pena falar deles e eu desejaria saber se é possível descobrir algum.

- ...vejamos o que são os filósofos. Não passam, também, de ridículos loucos: quem poderá conter o riso ao ouví-los sustentar seriamente a infinidade dos mundos? O sol, a lua, as estrelas... são por eles tão conhecidos como se os tivessem medido palmo a palmo ou com um fio.... vangloriam-se de distinguir as idéias, os universais, as formas separadas, os quid, os esse, em suma, todos os objetos que, de tão pequenos, só poderiam distinguir-se, se não me engano, com olhos de lince.

- A propósito de combate, parece-me que os cristãos deveriam mudar as suas tropas movidas contra os infiéis. Se, em vez da soldadesca, que há tanto tempo empregam inutilmente nas cruzadas, expedissem contra os turcos e os sarracenos os clamosos escotistas (de Duns Scotus), os obstinados occamistas (de Guilherme Occam), os invencíveis albertistas (de Alberto Magno) e toda milícia dos sofistas, quem poderia resistir ao assalto dessas tropas coligadas?

- Demonstrou o pregador, mas com uma sutileza imperceptível, que tudo quanto se podia dizer para glorificar o Salvador, tudo se achava nas letras componentes do seu augustíssimo nome ... O velho bajoujo teve a felicidade de separar o vocábulo Jesus em duas partes iguais: Je-su. Mas, que faremos daquele s, que, tendo perdido o companheiro, está surpreso de se achar sozinho? Um pouco de paciência e logo repararemos o mal. Os hebreus, em lugar de s, pronunciam syn; ora, em bom escocês, syn quer dizer pecado. Pois bem! - exclamou o pregador - quem será tão incrédulo ao ponto de negar que o Salvador tirou os pecados do mundo?

- O sistema do cristianismo, acerca da felicidade da vida, muito se avizinha do dos platônicos. Segundo o princípio fundamental desses dois sistemas, a alma está encarcerada no corpo, ligada pelos nós da matéria e de tal modo oprimida pelo peso da matéria orgânica que muito dificilmente pode descobrir e apreciar a verdade. Foi por essa razão que Platão definiu a filosofia como sendo a meditação da morte, porque tanto a filosofia como a morte destacam nossa alma das coisas visíveis e corporais.

- Em lugar de um epílogo, quero oferecer-vos duas sentenças. A primeira, antiquíssima, é esta: Eu jamais desejaria beber com um homem que se lembrasse de tudo . E a segunda, nova, é a seguinte: Odeio o ouvinte de memória fiel demais.

- E, por isso, sede sãos, aplaudi, vivei, bebei, ó celebérrimos iniciados nos mistérios da Loucura.

Erasmo valeu-se de sua grande cultura clássica para produzir uma obra artística de estilo admirável, onde sua própria opinião permanece oculta; se se pretendesse discutir as opiniões e críticas contidas nesse livro, ele poderia tranquilamente alegar que fora a Loucura, e não ele, quem as expressara. E quem deveria levar a sério a Loucura?

Esse livro, embora possa parecer uma brincadeira, teve grande influência na eclosão da Reforma protestante, porque criticava os costumes da Igreja, que contradiziam os ensinamentos do cristianismo original e aos quais se opunham os reformadores. Não se acredite, no entanto, que tenha havido concordância de pensamento nas idéias fundamentais entre Erasmo e Lutero; enquanto o primeiro quer reformar os costumes pela razão, o segundo acredita poder fazê-lo pela fé. Erasmo, como verdadeiro humanista que acredita na razão humana, achava ser possível fazer uma opção moral entre o bem e o mal, através do livre arbítrio; Lutero, vendo a humanidade pela lente de um agostinianismo extremado, considerava o homem perdido pelo pecado e incapaz de se salvar por suas próprias ações - apenas a graça divina poderia redimí-lo. Essa crença (a fé remove montanhas e a razão não), comum entre os camponeses da época, era interessante para os príncipes alemães que queriam livrar-se da autoridade do Vaticano e apossar-se de suas terras em solo alemão. Assim, apoiaram Lutero, que, em 1517, iniciou a Reforma.

Os dois lados, isto é, Lutero e a Igreja Católica, tentaram atrair Erasmo, que, no entanto, se conservou independente, coerente com sua crença de que o homem, como ser inteligente e livre, deveria combater todos os fanatismos, achando seu caminho pela razão e fazendo suas escolhas pelo livre arbítrio. Erasmo, humanista universal no mais completo sentido do termo, situou o homem acima de todos os valores, dignificando-o como ser racional.

Thomas More, nascido em Londres, foi Chanceler de Henrique VIII e juiz conpetentíssimo. Foi muito influenciado por Erasmo de Rotterdam, que era doze anos mais velho do que ele e que o conheceu aos vinte e um anos de idade. Ficaram muito amigos.

Na Renascença, a filosofia clássica foi estudada de forma bem diferente dos estudos da filosofia medieval. A par das reinterpretações de Platão e Aristóteles, os humanistas voltaram-se para filósofos que tinham sido deixados de lado ou mesmo condenados na Idade Média.

Em sua obra principal, a Utopia, podemos observar o retorno do epicurismo e da filosofia estoica. Entretanto, não se deve pensar que ele nada acrescentou às idéias antigas. Ao contrário, estabeleceu as bases do epicurismo cristão, acrescentando contribuições platônicas (Platão era seu filósofo favorito) que já haviam sido , por assim dizer, cristianizadas: crença na providência divina, na imortalidade da alma e na recompensa depois da morte. Epicuro, ao contrário, descreveu deuses que nada tinham a ver com os homens e que não poderiam ajudá-los a encontrar qualquer bem.

Morus descreve uma ilha chamada Utopia, cujos habitantes consideram virtude procurar obter sempre o maior prazer; para eles, é absurdo sofrer voluntariamente, considerar virtude renunciar aos prazeres terrenos e não esperar recompensa após a morte pelos males que sofreram no mundo. A virtude consiste em procurar o prazer natural, seja ele dos sentidos ou da razão, compreendendo quais os bens que se pode ter sem injustiça e que não acarretem males. As idéias estoicas podem ser observadas na importância atribuída pelos utopianos ao viver de acordo com a natureza, ao espírito comunitário natural do ser humano e na extrema atenção dada ao problema da virtude.

Thomas Morus revelou-se um perfeito humanista, enquanto associou, na Utopia, o paganismo epicurista e estoicista clássicos às idéias cristãs. Observando e criticando a estrutura econômica da Inglaterra, o autor propõe uma sociedade utópica, cujos habitantes vivem num regime de comunidade de bens. Os habitantes não possuem suas casas: a cada dez anos, as moradias são sorteadas e as pessoas trocam de casa, abolindo-se, assim, a idéia de propriedade privada. Tudo o que for produzido pelos cidadãos de um quarteirão é levado a um mercado nele existente, abastecendo gratuitamente as famílias locais. Ninguém se apropria de mais do que necessita, porque nada lhes é negado; assim, sendo garantida a subsistência, a ganância, tão comum aos homens, não se desenvolve entre essas pessoas.

A forma de governo é a democracia: os magistrados são eleitos e as leis não podem ser votadas antes de três dias. É proibido reunir-se fora do senado e das assembléias populares e a pena para a desobediência a essa ordem é a morte.

Procurando encontrar uma forma de sociedade melhor que as existentes na Europa, Morus descreveu instituições públicas que visavam impedir o abuso de autoridade, as leis tirânicas ou as mudanças de forma de governo.

A religião da Utopia é permissiva, isto é, seus habitantes podem professar diferentes crenças, desde a adoração de forças da natureza até a crença em um único Deus. Todas as religiões são respeitadas e não existe conflito entre elas. Não há uma religião oficial do Estado e, assim, estabelece-se a tolerância religiosa. Embora haja preconizado a tolerância religiosa, Thomas More não foi adepto da Reforma e, por causa de suas firmes convicções e independência diante do poder, acabou sendo destituído do cargo de chanceler, quando discordou de Henrique VIII sobre a separação da igreja inglesa da autoridade do papa. Foi preso e decapitado quando discordou do divórcio do rei de Catarina de Aragão, para validar seu casamento com Ana Bolena. Foi canonizado em 1935, como mártir da Igreja Católica em defesa da liberdade de pensamento.

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Poema: A Mais Linda Poesia - Bia

A MAIS LINDA POESIA

A mais linda poesia se faz no dia-a-dia,
Quando abrimos os olhos,
Quando abrimos a janela,
E vemos o dia la fora

A mais linda poesia,
Está no trabalho que fazemos,
Nas amizades que conquistamos,
Nos sorrisos que distribuímos.

A mais linda poesia,
A mais sincera e pura,
Vai além de um pedaço de papel,
Cheio de letras e tintas.

A mais linda poesia,
Está no coração da gente,
No pulsar das veias,
Na entrega constante.

É o amor de doar-se
Que não se contenta
Com uma folha de papel.

Apenas realiza-se,
No doar constante,
No agradecer por mais um dia,
E dormir numa bela noite de paz!

Bia Márquez

Pensamento - IVCCXLII - 4242

"Eu também sou vítima de sonhos adiados, de esperanças dilaceradas, mas, apesar disso, eu ainda tenho um sonho, porque a gente não pode desistir da vida." (Martin Luther King)

Sabedoria Popular

Os tempos estão tão mudados que
o provérbio bíblico, em breve,
será mudado para “do pó vieste,
à purpurina voltarás”.

Sabedoria Popular

O pior que pode acontecer a uma
pessoa é não estar à altura do seu
próprio julgamento, decepcionando
a si mesmo.

Pensamento - IVCCXLI - 4241

"O importante não é ter o melhor plano, mas sim ter
um e ser persistente em sua execução." (Gustavo Cerbasi)

Pensamento - IVCCXL - 4240

"A sorte não existe. Aquilo a que chamais sorte
é o cuidado com os pormenores." (Winston Churchill)

Pensamento - IVCCXXXIX - 4239

"Ninguém nos aconselha tão mal como
nosso amor-próprio, nem tão bem quanto
a nossa consciência" (Mariano da Fonseca)

Sabedoria Popular

O sábio não se aflige por
não ser conhecido dos homens;
ele aflige-se por não conhecê-los.

A Bíblia Diz...

"O profeta que tem um sonho conte o sonho; e aquele que tem a minha palavra, fale a minha palavra com verdade. Que tem a palha com o trigo? Diz o SENHOR." (Jeremias 23:28)

Sabedoria Popular

Há quedas que provocam ascensões maiores.

Artigo: O Trânsito - A/0963

Trânsito, irracionalidade e silêncio oficial

A brutalidade irracional do trânsito de São Paulo fez mais uma vítima. Um dos principais executivos da indústria paulista, que teria todos os meios a sua disposição para se deslocar apenas de carro, ou até mesmo de helicóptero, como fazem tantos empresários desta cidade, foi assassinado sobre uma bicicleta.
Em uma cidade como a nossa, em que o trânsito mata 50 ciclistas por ano, não surpreende mais esse descaso com a vida.

Diariamente, veículos ocupados caprichosamente apenas por seu condutor travam uma batalha covarde com pedestres e ciclistas. Sentados dentro de suas armaduras, cada vez maiores e ameaçadoras, investem contra seres humanos desarmados, em faróis, entradas de estacionamentos de shoppings, portas de escolas e tantos outros locais onde se exibe infinita estupidez. E o pior: julgam ter direito a todo o espaço disponível da cidade; afinal, a cidade foi e continua sendo cada vez mais alterada em favor deles. Ruas se alargam, calçadas se estreitam, árvores são derrubadas: tudo pelo bem dos veículos que precisam transitar por uma cidade que, sem se preocupar com o transporte coletivo - pelo menos com o de qualidade -, investe em mais ruas, avenidas e extinção da vida.

É curioso observar como os motoristas acreditam ser natural avançar contra os cidadãos em faróis abertos ou fechados, faixas de pedestres ou simplesmente para se divertirem diante de pessoas que não têm à sua disposição um monte de lata de uma tonelada. É como se tivessem um direito divino sobre as vias da cidade, onde pedestres são obstáculos que não podem atrapalhar o livre fluxo dos carros. Prefeito após prefeito, nada tem sido feito para alterar esse quadro. Ciclovias não existem, ou existem como piada. Alguém já observou como têm crescido as ciclovias de São Paulo? Faria Lima, Berrini, JK, Hélio Pelegrino... Será que o morador dessas regiões deixará o carro em casa para se deslocar para o trabalho de bicicleta? As ciclovias só podem ser utilizadas por algumas horas aos domingos nessas regiões nobres da cidade porque obviamente o morador do Itaim realmente PRECISA de carro para se deslocar até seu trabalho na Paulista ou nos Jardins, percurso que poderia fazer a pé em 20 minutos, dando grande contribuição para a sua saúde e a da cidade.

Uma ciclovia desse tipo não serve ao trabalhador comum; serve ao lazer do paulistano dessas regiões.
Acompanhando cidades como Paris, que adotou a bicicleta como uma alternativa para percursos curtos, os bicicletários paulistanos limitam-se aos 45 km de ciclovias de São Paulo. Já Bogotá, na Colômbia, tem 121 km.

Sempre que tragédias como essa acontecem em nossa cidade, autoridades mandam flores, dão apoio à família e lançam palavras que se diluem em um mar de promessas. Até que se concretizem, quantos ciclistas não chegarão a seu destino?

 Marcelo Rocha é advogado formado pela Universidade de São Paulo, especializado em gestão pública e estratégica e em relações internacionais. É presidente da Associação Horizontes (www.ah.org.br), entidade sem fins lucrativos que visa promover sustentabilidade, cidadania, inclusão social e geração de trabalho e renda por meio da educação

segunda-feira, 27 de junho de 2011

Pensamento - IVCCXXXVIII - 4238

"Se houvesse uma única verdade,
não seriam possíveis cem pinturas
 sobre o mesmo tema." (Pablo Picasso)

Pensamento - IVCCXXXVII - 4237

"Nada lhe posso dar que já não exista em você mesmo. Não posso abrir-lhe outro mundo de imagens, além daquele que há em sua própria alma. Nada lhe posso dar a não ser a oportunidade, o impulso, a chave. Eu o ajudarei a tornar visível o seu próprio mundo, e isso é tudo." (Hermann Hesse)

Pensamento - IVCCXXXVI - 4236

"Às vezes, vencer é saber esperar." (Getúlio Vargas)

Sabedoria Popular

O homem começa a morrer na idade
em que perde o entusiasmo.

A Bíblia Diz...

"O qual, sendo o resplendor da sua glória, e a expressa imagem da sua pessoa, e sustentando todas as coisas pela palavra do seu poder, havendo feito por si mesmo a purificação dos nossos pecados, assentou-se à destra da majestade nas alturas." (Hebreus 1:3)

domingo, 26 de junho de 2011

Poema: Reverências a Poço Redondo - Alcino

REVERÊNCIAS
A POÇO REDONDO

Alcino Alves Costa

Salve meu poço Redondo,
Minha terra tão querida.
Meu tesouro, meu rincão,
De Jesus és protegida.
Os teus filhos te veneram,
Pedaço de minha vida.

No inverno verdejante,
No sol quente do verão.
Bem no meio da caatinga,
Um filho deste meu chão.
És tu, Poço Redondo,
Puro sangue do sertão.

És da natureza,
Tens teus vales e teus montes,
Tuas serras e campinas,
As águas jorram nas fontes.
As tardes esperam noites
Tingindo os horizontes.

Tu és forte, tu és belo
Dos pássaros tu és o canto.
Espelho de um mundo lindo,
Cantinho dos meus encantos.
Os teus filhos não te esqueçem
Para sempre te amando.

Cidade de alma pura.
Refúgio dos viajantes.
O teu povo hospitaleiro
Ampara os visitantes.
Os teus filhos amam a paz,
Tesouro mais importante.

Nosso Deus, o Grande Mestre,
Te proteges com amor.
Glorifica o teu solo
Que Jesus abençoou,
Derramando a sua luz
Nosso mundo iluminou.

A seca é teu flagelo,
Os teus filhos teu amor.
Tua guarda é Jesus,
Tua luta é teu labor.
Mesmo pobre tú és rico
Tens a graça do Senhor.

La no reino da gloria
Jesus cristo nos olhando.
Nosso povo esperançoso
suas bençãos implorando,
o povo louva a Jesus,
Jesus o povo louvando.

Alcino Alves Costa também é patrimônio da história, cultura e do humano do Povo de Poço Redondo e em especial do povo Sertanejo de Sergipe. Verdadeira moeda de valor e sabedoria. (Adeval Marques)

Artigo: O Sertão e a Caatinga - A/0962

O Sertão e a Caatinga

O sertão sempre foi, desde as mais remotas eras, considerado o primo pobre das terras brasileiras. O parente indesejável que vivia – e ainda vive – numa indigência total e absoluta – assim propalam os arautos da descrença sertaneja.

Segundo o arrazoado desses doutores do saber e da verdade, a razão da extremada pobreza sertaneja está no berço de seu nascimento, uma região quase que sem umidade, estéril, praticamente improdutiva e despovoada do interior do país.

Foi naquele mundo de secura que nasceu o sertão. Suas terras adustas, imprestáveis, não têm serventia alguma; o seu chão, arroxeado em algumas partes e brancas em outras, é praticamente infecundo e de uma aridez irreversível – assim pensam os habitantes de outras regiões. Não é verdade.

É nesse mundo que se imagina de carência, pobreza, abandono e solidão que nasceu e vive por toda a encosta das eras, a caatinga. A caatinga é a filha predileta do sertão. É a sua mocinha amada. A rainha e deusa dos campos sertanejos.

Assim como o sertão, o viver da caatinga passa por períodos de transformações. No verão, sob os rigores do sol ardente, essa vegetação arbustiva perde a exuberância de suas folhagens; definha, murcha, tornando-se de uma sequidão de dar pena. Estiolados e enfraquecidos pelos terríveis e prolongados verões e pelas tenebrosas secas, estes dois tesouros da natureza – sertão e caatinga – vivem os piores e mais angustinates momentos de suas existências.

Contudo, se enganam aqueles que imaginam serem a caatinga e o sertão restos imprestáveis de garranchos e paus secos, jogados ao léu, sem valor nenhum. Puro e ledo engano. Basta que caia do céu a chuva, o bendito e abençoado sangue da terra, no dizer simplório e ao mesmo tempo sábio do caipira, para que aquela mataria que antes parecia morta, esturricada e sem vida, passe por uma transformação milagrosa ao ser impulsionada por uma sublime magia ou um milagre divino, que faz brotar de suas entranhas, da força poderosa de suas raízes, troncos e galhos, o verde generoso da fartura e da bonança. E, das planícies e vales, vicejam o verde e as leguminosas que também são bênçãos generosas de nossa mãe-natureza.

Com essa transformação, esse passe de mágica, ou esse milagre do Criador, a caatinga enverdece. O verde enfeita, embeleza, perfuma e alegra a natureza, formando um quadro lindo, um cenário sublime, onde a mão de Deus se faz presente.

Era essa a caatinga de outrora. Era naquele dantes sertão viçoso e maninho que a passarada gorjeava e fazia os seus ninhos nos galhos e ramagens de frondosas e seculares árvores. Era aquele sertão o mundo da onça pintada e da suçuarana, da jaguatirica e do gato do mato, do veado e do caititu, do gambá e do tamanduá, do preá e do mocó, do peba e do tatu. Vastas paragens sertanejas, abençoadas e virgens, onde o canário e o cabeço, o galo de campina e o xofreu, o xexéu e a pega, o papagaio, a arara e o periquito festejam o amanhecer divino dos dias sertanejos. Chão caboclo do canto mavioso do zabelê nos cerrados das caatingas. Rincão de nuvens claras, por onde andorinha, asa branca, garça branca da serra passeavam, voejando em bandos pelos descampados do infinito. Passagem divina, onde as árvores, frondosas e belas, amparavam, protegiam e guardavam os ninhos da casaca de couro. Mundo fantástico e misterioso da vida pastoril, da vacada pé-duro e do boi brabo e de ponta limpa. Matas densas e cerradas, paraíso do vaqueiro e do caçador. Caatinga de antigamente.

Hoje vivemos novos costumes e novos métodos de vida. O mundo embocou na modernidade dos tempos. O sertão e a caatinga agonizam nos últimos estertores de irreversíveis e brutais mortes. O que sobrou da flora e da fauna foram restos de um passado glorioso. Nos dias atuais a caatinga é triste, solitária, desnuda, pobre; aos poucos, assassinada pela mão perversa e maldita do homem.

Homem mau, que usa o machado e a moto-serra, para, sem piedade e sem amor, cortar e derrubar as nossas árvores, muitas delas nobres e seculares. Enegrecido homem que usa a sua espingarda assassina, para ceifar a vida de pássaros e animais silvestres.

Homem sem coração e sem piedade. Homem que não escuta o grito angustiado e dolorido dos valores da natureza, que clamam por vida. A caatinga pede socorro. A caatinga quer viver. Homens insensíveis dos novos tempos, saibam que a caatinga é o símbolo maior do homem do campo. A filha predileta do sertão e a netinha amada de nossa Mãe-Natureza. Deus salve a nossa caatinga!

(Alcino Alves Costa, o Caipira de Poço Redondo. Notável homem de letras, ele descreve com aptidão as belezas de sua terra. Num estilo muito próprio, esse sergipano de alma sensível e grande conhecedor dos costumes de sua gente, declara todo o amor que possui pelo sertão nordestino, muito bem representado nas palavras sinceras, in “O Sertão de Minha Terra” e “O Sertão e a Caatinga”, artigos que assina com muita galhardia. Ao poeta popular e intérprete da Literatura, que por três vezes foi mandatário de sua querida Poço Redondo, os sinceros cumprimentos da Coluna. Ele merece o respeito do povo de sua Terra, de sua região, e particularmente de nossos leitores. Parabéns, Alcino!)

Artigo: O Sertão de Minha Terra - A/0961

O Sertão de Minha Terra

Deus deu-me a ventura de ter nascido na região mais distante e desconhecida do Sertão do São Francisco, num pequenino lugarejo de caboclos. O tempo andejou pelos caminhos das eras e aquela humílima povoação se tornou na cidade de Poço Redondo. Vivi a minha meninice, adolescência e juventude admirando e amando a imensa caatinga que se estendia pelos horizontes infindos; emoldurada pelos rios e riachos, charcos e lagoas, serras e vales, prados e Campinas. Caatinga dos bichos e animais. Caatinga que tinha a proteção do descampado azul do infinito e das nuvens claras do meu sertão, o Sertão da Minha Terra.

Sertão do Riacho Jacaré, com sua areia fofa e seus poços d´água, onde a meninada tomava banho no amanhecer dos dias sertanejos, e o gado vinha beber e sestar nas sombras aconchegantes de suas caibreiras. Sertão do gado pé-duro e da orelha cabeluda, onde o vaqueiro campeava com coragem e destreza a manada bravia, criada quase selvagem, enfiada nos cafundós da terra sertaneja de Poço Redondo. Sertão onde o vaqueiro, o cavalo e o boi brabo e mandingueiro protagonizavam a notável medição de forças que marcaram o apogeu da vida pastoril dos campos sertanejos do São Francisco. Sertão do gado brabo de Mane do Brejinho e da Cuiabá.
Sertão de Pedrinho de Eustáquio, Daniel, Zé Leobino, Miguel Quita, Tião de Sinhá, Abdias, Rivaldo de Janjão e Elias, os maiores vaqueiros da história campesina do Sertão do São Francisco.

Sertão daqueles tempos, em que quando no morrer do dia, ouvia-se o aboio dolente e cheio de ternura do vaqueiro tangendo a vacaria de leite para o curral. Sertão do mugir dos rebanhos bovinos nas festas de apartação, ajuntamento e vaquejada. Sertão do carro de boi, com seus cocões azeitados e cantando fino pelas estradas e trilhas do mundo caipira. Sertão das festas e leilões; do fole, do pandeiro e do ganzá; do reisado e da cantiga de roda; do entrudo, das novenas e dos louvores aos santos e imagens.

Sertão de Minha Terra

Quanta saudade eu sinto do reboar da passarada, do chuá, chuá das águas barrentas, que abarrotavam os riachos e lagoas nos tempos das trovoadas; do colorido mavioso das borboletas nas malhadas das fazendas e nas tardes sertanejas daqueles tempos; do cheiro agreste que exalava do colo generoso de nossa mãe-natureza; do perfume inebriante das flores campestres que enchiam de estonteante beleza os campos sertanejos; do verdejante capim nativo, se espalhando como se fosse um tapete mágico e verde pelos campos e serranias da terra cabocla do sertão.

Será que você, homem sertanejo, que em sua juventude morou neste pedaço de Sergipe, , que se convencionou em chamá-lo de sertão do São Francisco, você que pode ter vivido a vida e a cultura enraizada e herdada de nossos antepassados, aqueles pioneiros de nosso mundo caboclo, mas que, por força do destino, passou a residir na grande cidade, não sente uma dor no peito ao recordar dos idos de um sertão e de uma caatinga, que nos tempos atuais existe apenas em nosso pensamento e em nossas recordações?
Sente, eu sei que de vez enquanto o seu peito fica dilacerado de tanta saudade do rincão em que você nasceu e viveu por alguns anos de sua existência.

Mesmo eu tendo o privilégio e a felicidade de viver neste chão amado, verdadeiro paraíso de minha vida, eu sinto a mesma dor saudade do homem sertanejo que vive na cidade grande. A minha angústia e tristeza é por saber que nunca mais verei o sertão de minha meninice. Aquele sertão que vive por tantos e felizes anos nos tempos passados da aurora sublime e serena de minha infância. Eu bem que sei que o sertão de minhas origens não mais existe, foi tragado pela voracidade da sucessão dos anos, e vive somente no mundo fantasioso de minha imaginação – e isto é causa de enorme tristeza e grande tormento que me faz padecer profundamente.
Eu bem sei, meu sertão e minha caatinga amada, eu bem sei que vocês perderam aquela primitiva rusticidade que tanto os caracterizava e que enchia as paisagens caboclas de tanto encanto e fascínio. Hoje o sertão está descaracterizado e a caatinga foi dizimada pelo vendaval da insensibilidade do homem. É certo e verdadeiro que o sertão e a caatinga não nem uma tênue sombra de seu passado glorioso. Foram devassados pela civilização que adentrou o seu interior desmatando a mataria, derrubando suas árvores, queimando sua terra, numa agressão sem limites a nossa mãe-natureza.

No passado não era assim. Via-se de longe em longe um lugarejo, uma povoação, um pequeno núcleo habitacional. Aqui e acolá, lá longe na imensidão da caatinga uma fazenda, encravada na distância de um e outro povoado.

O caminheiro e os mascates que perambulavam pelas lonjuras dos sertões, atravessavam grandes e penosas distâncias sem encontrar uma habitação, uma pousada onde pudesse se hospedar e receber a necessária hospitalidade tão peculiar ao camponês de boa índole e amigo.

Hoje, o que se constata é que o sertão e a caatinga são espectros tristes e solitários de um mundo sem amor. É uma pena!

(Alcino Alves Costa, o Caipira de Poço Redondo. Notável homem de letras, ele descreve com aptidão as belezas de sua terra. Num estilo muito próprio, esse sergipano de alma sensível e grande conhecedor dos costumes de sua gente, declara todo o amor que possui pelo sertão nordestino, muito bem representado nas palavras sinceras, in “O Sertão de Minha Terra” e “O Sertão e a Caatinga”, artigos que assina com muita galhardia. Ao poeta popular e intérprete da Literatura, que por três vezes foi mandatário de sua querida Poço Redondo, os sinceros cumprimentos da Coluna. Ele merece o respeito do povo de sua Terra, de sua região, e particularmente de nossos leitores. Parabéns, Alcino!)

Artigo: A Verdadeira Alquimia - A/0960

A Verdadeira Alquimia

Certa vez um andarilho apareceu numa aldeia da Idade Média. Dirigiu-se à praça central da cidade, anunciou-se como alquimista e disse que ensinaria como transformar qualquer tipo de metal em ouro. Algumas pessoas pararam para ouví-lo e começaram a proferir gracejos e ridicularizá-lo. O estranho não se abalou com as chacotas, pediu um pedaço de metal e alguém entregou-lhe uma ferradura, um outro ofereceu-lhe um prego. O alquimista então pegou ambas as peças, e ainda sob as risadas dos incrédulos, colocou-as numa pequena vasilha e derramou sobre elas o conteúdo de um frasco que havia retirado de sua sacola. Permaneceu alguns segundos em silêncio e o fenômeno aconteceu: a ferradura e o prego tornaram-se dourados.

Uma sensação de espanto percorreu a multidão que se avolumava cada vez mais na praça. O alquimista levantou as peças de ouro para que todos pudessem admirar a transmutação.

Um ourives presente no local pediu para examinar os objetos e foi atendido. Em pouco tempo, revelou serem as peças de ouro puríssimo como nunca tinha visto. As pessoas agitaram-se e agora queriam ouvir. O alquimista então pegou um grosso livro de sua sacola e disse estar nele o segredo da transmutação dos metais em ouro. Em seguida, entregou o livro a uma criança próxima e partiu tranqüilo. Ninguém o viu ir embora, pois todos os olhos mantiveram-se fixos no objeto nas mãos da criança. Poucos dias depois, a maioria das pessoas possuía uma cópia do valioso manuscrito, assim a receita para produzir ouro passou a ser conhecida por todos. Contudo, a fórmula era complexa. Exigia água destilada mil vezes no silêncio da madrugada e ingredientes que deveriam ser colhidos em noites especiais e em praias distantes.

No início todos puseram as mãos à obra, mas com o passar do tempo, as pessoas foram desistindo do trabalho. Era muito penoso ficar mil noites em silêncio esperando a água destilar. Além disso, procurar os outros ingredientes era muito cansativo. As pessoas foram desistindo. E, à medida que desistiam, tentavam convencer os outros a fazerem o mesmo. Diziam que a forma era apenas uma galhofa deixada pelo alquimista para mostrar como eram tolos. Assim, muitos e muitos outros, influenciados pelos primeiros, também desistiram. Mas, um pequeno grupo prosseguiu com o trabalho. Apesar de ridicularizados pelo resto da aldeia, continuaram destilando a água e fizeram várias viagens juntos à procura dos ingredientes da fórmula.

O tempo correu, e a quantidade de histórias divertidas, e de situações que eles passaram juntos, desde que começaram a seguir a fórmula, cresceu. E o grupo dos aprendizes de alquimia tornou-se cada vez mais unido. Converteram-se em grandes amigos. Até que em um mesmo dia, todos que tinham começado juntos, viraram a última página das instruções do livro, e lá estava escrito: "Se todas as instruções foram seguidas, você tem agora o líquido que, derramado sobre qualquer metal, transforma-o em ouro. Entretanto, agora você já percebeu que a maior riqueza não está no produto final obtido, mas sim no caminho percorrido. O que nos torna infinitamente ricos não é a quantidade de ouro que conseguimos produzir, mas os momentos que compartilhamos com os verdadeiros amigos".

Artigo: Meditação Oculta - A/0959

Meditação Oculta:
Um Exemplo

Essencialmente há dois tipos de meditação – mística e oculta. Ambas se diferenciam por várias técnicas. As formas místicas de meditação se baseiam, principalmente, na natureza sensível e ativa de um desejo intenso de união espiritual, ou de alguma experiência espiritual pessoal. Este tipo de meditação tende a ser introspectivo e autocentrado.

A meditação oculta, por sua vez, se baseia em tudo o que a experiência mística pôde aportar, para levar a ideia de meditação a um passo mais longe. O objetivo já não é a iluminação e a inspiração pessoais, mas a utilização correta da técnica de meditação para servir à elevação e transformação do reino humano e do mundo em que vivemos. A meditação oculta é um método de cooperação no processo da evolução e redenção planetárias.

Hoje, em que tantos absurdos e erros se atribuem ao termo “oculto”, é útil ter presente uma definição simples. O ocultismo é a ciência do fluxo da energia e as relações energéticas. A meditação oculta é um meio de dirigir energia consciente e intencionalmente de uma fonte conhecida, a fim de produzir efeitos específicos. Naturalmente é possível meditar com um objetivo puramente pessoal, para adquirir a facilidade no contato com fontes de potente energia, a fim de utilizá-las para seus próprios fins, materiais ou sutis. A energia, por si só, é impessoal. Pode ser utilizada para fins tanto bons como maus. O fator determinante em cada indivíduo é a motivação. Se na meditação tratamos de canalizar as energias de luz, amor e vontade para o bem, estas mesmas energias trazem consigo sua própria proteção contra as más utilizações.

A energia mais poderosa disponível para nós no momento atual é a do amor. A verdadeira natureza do amor é desinteressada e inofensiva. Se as qualidades inerentes às energias que recebemos na meditação não são também uma parte das energias do meditador, essas energias não podem ser transmitidas de forma segura e efetiva. Há então um bloqueio, um impedimento no canal de transmissão que impede ou desvia o fluxo de energia e aborta sua verdadeira utilidade. A meditação oculta depende da qualidade, do motivo, do estado de consciência, da condição espiritual e do propósito definido do meditador.

A meditação oculta é uma atividade mental que requer uma condição de alinhamento, ou seja, de união entre os três aspectos da mente: o inferior ou mente concreta, a alma e o superior, ou mente abstrata. Esse alinhamento integra os três aspectos do meditador individual, espírito, alma e corpo, tornando acessíveis para ele os recursos espirituais da vida, da consciência e da forma.

Por meio deste alinhamento o meditador está unido, também, com o princípio vital de todas as coisas que vivem no planeta, e com a alma ou consciência de toda a manifestação. Deste modo, o alinhamento é dual, vertical e horizontal. Isto cria a forma básica de toda a meditação oculta verdadeiramente espiritual.

Atualmente o tipo mais efetivo de meditação oculta é a chamada Raja Yoga, a “Ciência Real da Alma”. Yoga é um caminho disciplinado, a fim de conseguir a união ou alinhamento, e uma medida de controle nalgum plano da consciência. A Raja Yoga utiliza a imaginação criadora, a arte da visualização e a utilização de pensamento-semente para exercitar e expandir a mente no mundo do significado e da significação. Somente sendo conscientes do sentido e da significação da vida podemos funcionar plenamente como almas em encarnação.

Para o indivíduo espiritualmente desperto, a Raja Yoga procura a correta aplicação de toda energia e recursos disponíveis. A forma típica da meditação ocultista da Raja Yoga poderia ser formulada da seguinte maneira: Primeiro encontrar um momento e lugar onde possa trabalhar sem interrupção ou distração. Pela manhã cedo é o melhor momento, antes que a mente chegue a estar preocupada com os assuntos do dia. A regularidade diária é importante. Sentar-se numa cadeira de espaldar reto, tendo bem direita e ereta a coluna vertebral, embora com o corpo confortável e relaxado. Pôr as mãos, com os dedos entrelaçados, sobre o colo e pernas cruzadas. Fazer algumas respirações lentas e profundas, enquanto a consciência vai se esvaziando de tudo aquilo que poderia causar ansiedade e distrair a atenção.

Elevar a consciência, através da imaginação criadora, para um ponto focal fora e por cima da cabeça. Considerar esse ponto como a mente inferior, a mente analítica, crítica; tranqüila e sem movimento, como um tranqüilo reservatório de luz. Projetar uma linha de luz para cima, ao centro da alma, vendo a alma como um sol brilhante, uma fonte radiante de energia. Este é o Eu espiritual real. Visualizando, prolongar a projeção da linha de luz na direção da mente superior ou abstrata, o aspecto mais inferior do Eu divino.

Manter este alinhamento iluminado na imaginação por meio da visualização. Isto deverá levar tão somente uns poucos minutos. Fazer uma pausa ou intervalo, consciente da luz e da energia da alma como o ponto central na consciência. Assim, mantendo a mente firme na luz, meditar durante uns poucos minutos sobre um pensamento-semente, por exemplo: “Que a alma controle a forma externa, a vida e todos os acontecimentos. Que o amor prevaleça. Que todos homens se amem”.

Examinar primeiro as palavras com mente analítica, depois tratar de penetrar no seu real significado interno. Que significaria se a alma controlasse toda a vida sobre a Terra e se o amor fosse a energia relacionando todo o gênero humano? Visualizar o fluxo e a precipitação de energia em todo o planeta, desde o ponto mais elevado da vida divina até o ponto mais inferior da manifestação física. Deter-se por uns instantes para refletir sobre as vias e meios de empregar as energias de luz e de amor em todos os domínios da vida humana, em todas as partes do mundo.